Postado originalmente em: https://www.tapajosdefato.com.br/noticia/156/representatividade-importa-?cf_chl_jschl_tk=pmd_f477d31a1285cd53013f294e44feb1db0691855e-1628175394-0-gqNtZGzNAo2jcnBszQf6
Por: FASE Amazônia, STTR, Grupo Mãe terra, FEAGLE
Autor: Hellen Joplin
Data de publicação: Novembro de 2020
Historicamente os homens sempre ocuparam os espaços de poder, deixando as mulheres às margens dos processos de tomadas de decisões, e construindo um mundo sobre lógicas machistas e misóginas. Agora, as mulheres tentam conquistar maior presença nesses espaços em busca de uma real representatividade política.
No Brasil, as mulheres conquistaram o direito ao voto e a serem votadas apenas em 1932, no governo de Getúlio Vargas. Porém, a conquista não foi completa. O código eleitoral da época permitia somente que mulheres casadas, se contassem com autorização do marido, viúvas e solteiras, se tivessem renda própria, pudessem votar. Excluindo naturalmente mulheres periféricas, que sempre foram a base da sociedade brasileira.
Na década de1970 as mulheres representavam 35% do eleitorado. Em 2006, já ultrapassaram a marca de 50%, rompendo, teoricamente, com a hegemonia do eleitorado masculino.
Em relação a disputa eleitoral, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de candidaturas femininas alcançou em média 31,7% dos registros nas eleições de 2012. O que poderia representar certo avanço nesse sentido, uma vez que as mudanças e transformações pelo qual o papel da mulher brasileira passou, poderia ser associado a uma maior emancipação política. Porém, segundo o site da câmara dos deputados, um estudo da União Interparlamentar, ligada a Organização das Nações Unidas (ONU), classificou o Brasil em 120° lugar em um ranking da proporção de mulheres no parlamento, o que nos coloca atrás de países islâmicos como Paquistão, Sudão e Emirados Árabes Unidos.
Organizadas, as mulheres conquistaram direitos essenciais, como o acesso à educação, a liberdade para escolher a própria profissão e poder exercê-la e políticas públicas de enfrentamento à violência contra mulher, entre outras. E mostram cada dia mais que lugar de mulher é também nos centros de tomadas de decisões.
O caminho precisa ser o de uma REFORMA POLÍTICA inclusiva. Uma reforma que leve em conta políticas afirmativas e regras mais eficientes, que garantam condições de igualdade para as candidaturas femininas nas disputas eleitorais, que propicie maior presença das mulheres no Parlamento. Uma presença compatível com a posição ocupada pelas mulheres na sociedade, tanto em termos demográficos, como no que tange à sua participação na produção econômica e social do país.
Com o resultado das eleições, conclui se que a população acredita na potência que se pode haver em um governo composto por mulheres. Em um panorama geral brasileiro, há um avanço significativo de mulheres, especialmente mulheres negras, trans, periféricas, indígenas, Amazônidas.
Em muitas cidades, como é o caso de Santarém, ainda haverá segundo turno, nos colocando a possibilidade também de eleger uma mulher.
Eleger mulheres significa passar a ter um olhar de gênero sobre todas as pautas. Não apenas aquelas voltadas exclusivamente para mulheres. Independente de quais forem as suas convicções políticas, existe uma mulher que se alinhará a elas. Nessas eleições, fortaleça candidaturas femininas!